Diversas são as anomalias uterinas, algumas das quais podem estar relacionadas com infertilidade, aborto de repetição ou partos prematuros. No entanto, mesmo portando alterações, a grande maioria das mulheres consegue conceber. A American Fertility Society dividi as alterações em 7 tipos, os quais tentarei resumir:
- Hipoplasia ou Agenesia: ausência de desenvolvimento resultando em alterações uterinas e vaginais como genitália externa e trompas de falópio normais; útero rudimentar; oclusão vaginal entre outras anomalias.
- Útero unicorno: Ausência de desenvolvimento de um dos cornos uterinos.
- Útero Didelfo: Dois cornos uterinos e duas cérvices. Em 75% dos casos possui também septo vaginal.
- Útero Bicorno: Dois cornos uterinos e um colo, podendo em alguns casos também possuir septo.
- Útero Septado: Possui um septo, ou divisão. Completo, pondendo alcançar a cérvice, inclusive se estendendo até a vagina; ou parcial, quando o septo não divide toda a cavidade uterina.
- Útero Arqueado: de menor relevância
- Útero em forma de T: conseqüência de um medicamento dos anos 30, já fora de circulação
Em termos de bons resultados gestacionais, entre útero bicorno, didelfo, unicorno e septado, os desempenhos seguem esta ordem, o melhor resultado é com o útero bicorno, com a sobrevida da maioria dos bebês, sendo que o útero septado trás os resultados menos favoráveis. Entretanto, é possível a cirurgia de remoção do septo, indicado especialmente quando há histórico de infertilidade ou abortamento.
O principal exame para diagnosticar com precisão uma anomalia uterina é a histeroscopia. Outros exames auxiliares são a histerosalpingografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética. A histeroscopia-laparoscopia pode ser útil para diferenciar o útero septado do bicorno, além verificar a permeabilidade tubária, a presença de aderências e tratar a endometriose. Pode ser de boa utilidade também para monitorar a retirada do septo via histeroscopia.
Existem vários tipos de anomalias:
- Útero bicorno (útero com dois "chifres"): é o mais comum. Em vez de parecer uma pêra de cabeça para baixo, o útero parece mais um coração, com um recorte na parte superior central. O bebê fica com menos espaço para crescer do que num útero normal.
Útero unicorno (útero com um "chifre"): é bem raro. O tecido que forma o útero não se desenvolve direito na mulher, e o órgão tem apenas metade do tamanho do normal. Além disso, só há uma tuba uterina, em vez de duas. Apesar disso, na maioria dos casos a mulher tem dois ovários.
Útero duplo ou didelfo: bastante raro. É quando o útero tem duas cavidades internas, sendo que cada uma delas pode levar a um colo do útero e a uma vagina. A mulher pode assim ter duas vaginas.
Útero septado: a cavidade interna do útero é dividida por uma parede, chamada septo. O septo pode ir só até metade do caminho ou chegar até o colo do útero.
Anomalias Uterinas | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
O útero é formado pela fusão dos ductos de Müller. Alterações no processo de embriogênese podem levar a uma série de malformações uterinas. As malformações uterinas congênitas podem estar associadas ao abortamento habitual, parto prematuro, apresentações fetais anômalas e infertilidade. As anomalias uterinas congênitas que resultam de defeitos Müllerianos são os tipos mais comuns de malformações do aparelho reprodutor. A incidência das anomalias uterinas não é bem conhecida, contudo as histerossalpingografias realizadas em pacientes inférteis demonstraram que essas alterações podem ocorrer numa incidência de 1% a 3%. As anomalias uterinas são responsáveis por 15% das perdas gestacionais do segundo trimestre e também estão associdas com apresentação fetal anormal, descolamento prematuro de placenta e retardo de crescimento intra-uterino. As anomalias uterinas são classificadas de acordo com uma modificação da classificação de Buttram e Gibbons (1979) em úteros : unicorno, bicorno, didelfo e septado. Entre os diferentes tipos de anomalias uterinas estruturais, o útero septado é o mais comum, estando associado a um prognóstico reprodutor ruim, com taxas de sobrevida fetal entre 6 e 28% e uma alta taxa de abortos espontâneos (maior que 60%). Estima-se que entre 10 e 12% das pacientes com útero septado tenham abortamentos de repetição. Risco de abortamento de causa anatômica segundo a anomalia uterina
Prevalência A prevalência do útero septado nas diferentes populações, incluindo mulheres férteis, inférteis e com abortamento habitual é muito variável, principalmente devido aos diferentes métodos diagnósticos utilizados nos estudos. Em muitos estudos não há uma diferenciação confiável do útero septado e bicorno. De uma forma geral, admite-se que a prevalência do útero septado nas mulheres férteis e inférteis seja semelhante — em torno de 1%. A prevalência nas mulheres com abortamento habitual aumenta muito, atingindo até 3,3%. Anormalidades urológicas associadas O desenvolvimento do sistema urinário e genital é dependente do adequado desenvolvimento do sistema mesonéfrico. Portanto, não é incomum a associação de malformações urológicas com anormalidades uterinas estruturais congênitas. Várias anormalidades do trato urinário têm sido descritas: rim solitário; duplicação ureteral; duplicação do sistema pielocalicial com ptose renal unilateral. Diagnóstico Histerossalpingografia (HSG) A histerossalpingografia permite a avaliação do tamanho e extensão do septo. Mostra uma imagem de duas hemi-cavidades com uma divisão central, mostrando uma forma típica em Y. Nos úteros bicorno e didelfo, as hemicavidades têm suas paredes mediais convexas e o ângulo entre eles geralmente maior que 90º; no útero septado as paredes uterinas mediais (do septo) são mais retas e o ângulo resultante é geralmente menor que 90º. Essa diferenciação, entretanto, nem sempre é clara. Uma das vantagens da HSG é a possibilidade de avaliação concomitante da permeabilidade tubária.
Histeroscopia Permite a observação direta da cavidade uterina. É considerado o melhor método para o diagnóstico de anormalidades intra-uterinas, incluindo os septos. Qualquer lesão endometrial pode ser biopsiada e até mesmo retirada. Entretanto, como a histeroscopia não fornece informações da superfície externa uterina, a diferenciação entre o útero bicorno e o útero septado nem sempre é possível. Além disso, não fornece informações sobre as trompas uterinas. A histeroscopia tem se mostrado superior à histerossalpingografia no diagnóstico de algumas anormalidades intra-uterinas, incluindo o septo uterino. Além do mais, a histeroscopia permite, em alguns casos, realizar o tratamento concomitantemente ao diagnóstico. Ultra-sonografia (USG) A USG pode ser útil no diagnóstico do septo uterino, especialmente em gestantes, quando a maioria dos métodos estão contra-indicados. A Ultra-sonografia transvaginal permite uma melhor avaliação quando comparada com a via transabdominal, com uma especificidade de até 80% no diagnóstico do útero septado.
Ressonância Magnética (RM) A RM também tem sido utilizada na diferenciação dos úteros com anomalias estruturais. Permite a correta classificação das malformações e a identificação de outras doenças ginecológicas associadas. A RM é o exame que permite a classificação do útero septado e a obtenção de informações sobre o septo — a proporção relativa de tecido miometrial e fibroso. Entretanto, quando comparada com a ultra-sonografia, mais sensível e de menor custo, seu uso muitas vezes não se justifica. Na atualidade, a RM ainda está restrita ao uso em centros de referências para pesquisa.
Laparoscopia e Histeroscopia Essa abordagem é a melhor forma de avaliar e classificar as anormalidades uterinas congênitas, sendo especialmente útil na diferenciação entre o útero bicorno e o útero septado. Uma região fúndica larga é típica do útero septado, enquanto a imagem de dois cornos separados é característica do útero bicorno. Nas mulheres que apresentam infertilidade concomitante, a laparoscopia é útil na complementação da investigação diagnóstica, fornecendo uma oportunidade para o tratamento de doenças coexistentes, como a endometriose. Conclusão Os exames que fornecem informações pela visualização da cavidade uterina (histeroscopia) ou de seu contorno (histerossalpingografia) podem detectar as anormalidades uterinas congênitas. Entretanto, para classificar esses defeitos e, principalmente, para diferenciar entre o útero septado e bicorno, é necessário visualizar a superfície externa do útero. Apesar de alguns exames (USG tridimensional e USG transvaginal) serem exames de grande importância na prática clínica (particularmente em gestantes), a laparoscopia (em especial quando combinada com a histeroscopia) ainda é o melhor método para avaliar a superfície externa do útero. Fonte: Medcenter |
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