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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Criptococose, também conhecida como Torulose, Blastomicose Européia ou Doença de Busse-Buschke

É uma doença infecciosa causada por um fungo, espalhada por todo o mundo, acometendo mamíferos domésticos, como o gato e o cão, animais silvestres e o homem.

Cryptococcus neoformans
Esta enfermidade é uma micose sistêmica, que pode ser de subaguda a crônica. O agente etiológico desta doença é o Cryptococcus neoformans, que está presente em frutas, mucosa oronasal de animais, pele de animais e seres humanos, e principalmente, no solo contaminado por excretas de aves, permanecendo viável por até dois anos.
Até os dias de hoje, são conhecidos cinco sorotipos deste fungo: A, B, C, D e AD. Esses são divididos em três variedades:
  • C. neoformans, variedade neoformans (sorotipos A, AD, D): está relacionada a fontes ambientais como solos contaminados com excretas de aves;
  • C. neoformans, variedade grubii (sorotipo A);
  • C. neoformans, variedade gatti (sorotipo B e C): há uma hipótese de que esta variedade teria alcançado diversas partes do mundo através da disseminação de sementes de Eucaliptus camaldulensis, provenientes da Austrália, devido à micélios dicarióticos contidos nele. Estruturas encontradas nas flores desta árvore funcionam como hospedeiros para o fungo e sua associação biotrófica. No entanto, tem sido observada a presença desse fungo em outras árvores; tem sido isolado também em: fezes de morcegos, em ocos de árvores, colméia de vespas.
A infecção por este agente se dá, geralmente, pela via aerógena, através da inalação de esporos desse fungo, resultando em uma infecção primária do sistema respiratório, afetando principalmente a cavidade nasal. Após a infecção, o C. neoformans pode espalhar-se através da circulação sanguínea ou linfática.
A patogenia causada por este fungo vai depender de fatores divididos em dois grupos: um que está relacionado com as características do estabelecimento da infecção e capacitação de sobrevivência no hospedeiro, e o segundo, está relacionado aos fatores de virulência, refletindo no grau de patogenicidade.
Este fungo possui tropismo pelo sistema nervoso central, manifestando-se, normalmente, como meningite criptococócica nos seres humanos, sendo que a principal responsável por esse fator e a queda da imunidade celular. Porém, outros tecidos podem ser afetados, sendo que a resposta tecidual varia muito. Nos indivíduos que se encontram imunossuprimidos, geralmente há o crescimento de massas de consistência gelatinosa do C. neoformans nos tecidos. Quando há uma grave imunossupressão, a infecção se espalha para a pele, órgãos parenquimatosos e ossos. Já nos indivíduos imunocompetentes ou com doença crônica, acontece uma reação granulomatosa.
Assim como os humanos, os animais mais afetados são os imunossuprimidos. Os fatores que estão associados à criptococose em animais são: debilidade, desnutrição, uso prolongado de corticóides e certas infecções virais.
Os sintomas característicos dessa enfermidade podem ser divididos em quatro principais síndromes, que podem estar associadas ou isoladas em um mesmo indivíduo:
  • Síndrome respiratória: estão presentes estertores respiratórios, corrimento nasal (mucopurulento, seroso ou sanguinolento), dispnéia inspiratória e espirros. Esta síndrome ocorre mais frequentemente em felinos domésticos, sendo observada nesses animais a formação de massas firmes ou pólipos no tecido subcutâneo, especialmente nada região nasal (“nariz de palhaço” ); os cães podem apresentar tosse.
  • Síndrome neurológica: o sistema nervoso central e os olhos são os mais afetados. Esta síndrome manifesta-se nos cães sob a forma de meningoencefalite, sendo que os sintomas dependem do local da lesão. Geralmente, observa-se depressão, desorientação, vocalização, diminuição da consciência, ataxia, andar em círculos, espasmos, paresia, paraplegia, convulsões, anisocoria, dilatação da pupila, diminuição da visão, cegueira, surdez e perda de olfato.
  • Síndrome ocular: os sinais clínicos mais observados são uveíte anterior, coriorrenite granulomatosa, hemorragia da retina, edema papilar, neurite óptica, midríase, fotofobia, blefarospasmo, opacidade da córnea, edema inflamatório da íris e/ou hifema e cegueira.
  • Síndrome cutânea: ocorre especialmente nos felinos, sendo que as lesões de pele encontram-se, principalmente, na cabeça e pescoço desses animais. Essas lesões correspondem a ulcerações, que podem ser no focinho, na língua, no palato, na gengiva, nos lábios e nas patas.
Já  com relação à doença em humanos, o sorotipo A é o mais frequente no Brasil, sendo caracterizado pelo acentuado dermotropismo. Quando há criptococose sistêmica, as lesões na pele são observadas em 10-15% dos casos. A criptococose cutânea primária é mais rara, mas pode acontecer em casos de inoculação direta do fungo na pele.
O diagnóstico  pode ser feito através de vários testes laboratoriais. No entanto, o mais utilizado é a pesquisa de antígeno polissacarídeo circulante no soro e líquor, identificado através da prova de látex. Em humanos, o diagnóstico auxiliar pode ser realizado através da prova intradérmica de leitura tardia, usando a criptococcina (antígeno peptídio-polissacarídeo). O diagnóstico definitivo é obtido com base na identificação do agente por citologia e cultura de fluídos corporais (exudato nasal, fluído cérebroespinhal), além de tecidos, pele, unhas e nódulos linfáticos.
No tratamento  de humanos imunocompetentes e imunocomprometidos em infecções disseminadas, utiliza-se a anfotericina B, juntamente com a 5-flucitosna, ou então, fluconazol e itraconazol, como alternativa para o tratamento de infecções cutâneas. No tratamento de animais, recomenda-se a administração de antifúngicos sistêmicos, como a anfotericina B, fluocitosina, cetoconazol, itraconazol, fluoconazol, isoladamente ou em associação. Entretanto, a administração de anfotericina B, fluocitosinab e cetoconazol para o tratamento da síndrome neurológica não leva à resultados satisfatórios, pois não alcançam concentrações eficazes sem que haja efeitos colaterais.
A principal estratégia para o controle da criptococose é a implementação de ações de controle da população de pombos, que é a principal fonte de transmissão dessa doença.

Sintomas da Criptococose

Os principais sintomas da Criptococose são:
  •  Corrimento nasal:
  •  Dispnéia;
  •  Espirros;
  •  Dor de cabeça;
  •  Náuseas;
  •  Vômitos;
  •  Sensibilidade a luz;
  •  Febre;
  •  Fraqueza;
  •  Nódulos pulmonares;
  •  Dor no peito;
  •  Rigidez na nuca;
  •  Suores noturnos;
  •  Confusão mental;
  • Meningite.

Diagnóstico da Criptococose

O diagnóstico é feito através da observação clínica dos sintomas e de vários testes laboratoriais, o mais utilizado é o “Tinta-da-china” que torna possível detectar o agente transmissor da Criptococose, a análise de secreções corporais também permite detectar a presença do fungo no corpo do indivíduo.
A radiografia do tórax também pode ser útil para o diagnóstico da doença, uma vez que permite observar danos pulmonares, nódulos ou massa única que caracterizam a Criptococose.

Tratamento da Criptococose

O tratamento da Criptococose é feito através da administração de 0.3 mg de Anfotericina B, durante 6 a 10 semanas.
O fluconazol é um antifúngico que também pode ser utilizado para o tratamento da criptococose.

Prevenção da Criptococose

A prevenção da Criptococose pode ser feita evitando o contato direto com as fontes causadoras da doença, principalmente os pombos, alguns cuidados essenciais são:
  •  Evitar alimentar os pombos;
  •  Se tiver necessidade de trabalhar com aves, utilizar máscaras e luvas;
  •  Utilizar água e cloro para lavar as fezes dos pombos presentes nos locais que se frequenta.
Fontes:
http://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/acta/article/viewDownloadInterstitial/699/310
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/001328.htm
http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_criptococose.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Criptococose