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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mutismo Seletivo

Mutismo seletivo é uma condição de ansiedade social, consistindo na incapacidade do indivíduo de expressar-se verbalmente em certas situações.aracterísticas Diagnósticas

A característica essencial do Mutismo Seletivo é o fracasso persistente em falar em situações sociais específicas (por ex., escola, com colegas de brincadeiras) onde seria esperado que falasse, apesar de falar em outras situações (Critério A). A perturbação interfere na realização escolar ou ocupacional ou na comunicação social (Critério B), devendo durar no mínimo 1 mês e não estar limitada ao primeiro mês de escolarização (durante o qual muitas crianças podem mostrar-se tímidas e relutantes em falar) (Critério C). O Mutismo Seletivo não deve ser diagnosticado se o fracasso do indivíduo em falar se deve unicamente a uma falta de conhecimento ou de conforto com a linguagem necessária na situação social (Critério D). Ele também não é diagnosticado se a perturbação é melhor explicada por embaraço relacionado a ter um Transtorno da Comunicação (por ex., Tartamudez) ou se ocorre exclusivamente durante um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico (Critério E). Ao invés de se comunicarem pela verbalização costumeira, as crianças com este transtorno podem comunicar-se por gestos, acenando ou balançando a cabeça, puxando ou empurrando ou, em alguns casos, por vocalizações monossilábicas, curtas ou monótonas, ou em um tom de voz alterado. Características e Transtornos Associados As características associadas ao Mutismo Seletivo podem incluir excessiva timidez, medo do embaraço social, isolamento e retraimento social, dependência, traços compulsivos, negativismo, acessos de raiva ou comportamento controlador ou opositivo. Provocações ou agressões pelos seus pares são comuns. Embora as crianças com o transtorno em geral tenham habilidades normais de linguagem, ocasionalmente pode haver um Transtorno da Comunicação (por ex., Transtorno Fonológico, Transtorno da Linguagem Expressiva ou Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva) ou uma condição médica geral que cause anormalidades da articulação. Transtornos de Ansiedade (especialmente Fobia Social), Retardo Mental, hospitalização ou estressores psicossociais extremos podem estar associados com o transtorno. Características Específicas à Cultura e ao Gênero Crianças imigrantes não familiarizadas ou desconfortáveis com a língua oficial de seu novo país podem recusar-se a falar com estranhos em seu novo ambiente. Este comportamento não deve ser diagnosticado como Mutismo Seletivo. O Mutismo Seletivo é ligeiramente mais comum no sexo feminino. Prevalência O Mutismo Seletivo é aparentemente raro, sendo encontrado em menos de 1% dos indivíduos vistos em contextos de saúde mental. Curso O início do Mutismo Seletivo geralmente se dá antes dos 5 anos de idade, mas a perturbação pode não chegar à atenção clínica até o ingresso da criança na escola. Embora a perturbação em geral dure apenas alguns meses, às vezes ela pode persistir até por vários anos. Diagnóstico Diferencial O Mutismo Seletivo deve ser diferenciado das perturbações da fala, melhor explicadas por um Transtorno da Comunicação, como Transtorno Fonológico, Transtorno da Linguagem Expressiva ou Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva ou Tartamudez. Diferentemente do Mutismo Seletivo, a perturbação da fala nestes transtornos não se restringe a uma situação social específica. As crianças de famílias que imigraram para um país onde uma língua diferente é falada podem recusar-se a falar em virtude da falta de conhecimentos do novo idioma. Se a compreensão da nova língua é adequada, mas a recusa em falar persiste, um diagnóstico de Mutismo Seletivo pode ser indicado. Os indivíduos com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia, outro Transtorno Psicótico ou Retardo Mental severo podem ter problemas na comunicação social e ser incapazes de falar apropriadamente em situações sociais. Em comparação, o Mutismo Seletivo deve ser diagnosticado apenas em uma criança cuja capacidade de falar foi estabelecida em algumas situações sociais (por ex., tipicamente em casa). A ansiedade e a esquiva social na Fobia Social podem estar associadas com o Mutismo Seletivo. Nesses casos, ambos os diagnósticos podem ser dados.
Critérios Diagnósticos para F94.0 - 313.23 Mutismo Seletivo A. Fracasso persistente em falar em situações sociais específicas (nas quais existe a expectativa para falar, por ex., na escola), apesar de falar em outras situações. B. A perturbação interfere na realização educacional ou ocupacional ou na comunicação social. C. A duração da perturbação é de no mínimo 1 mês (não limitada ao primeiro mês de escolarização). D. O fracasso em falar não se deve a uma falta de conhecimento ou desconforto com a linguagem falada exigida pela situação social. E. A perturbação não é melhor explicada por um Transtorno da Comunicação (por ex., Tartamudez), nem ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico.

No DSM-IV - Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, o mutismo seletivo é descrito como uma desordem psicológica infrequente nas crianças. Crianças e adultos com o transtorno são completamente capazes de falar e compreender a linguagem, mas não o fazem em certas situações sociais, quando é o que se espera deles. Funcionam normalmente em outras áreas do comportamento e aprendizagem, mas se privam severamente de participar em atividades em grupo. É como uma forma extrema de timidez, mas a intensidade e a duração a distinguem. Como exemplo, uma criança pode ficar completamente calada na escola, por anos, mas falar livremente ou até excessivamente em casa.

O mutismo seletivo é caracterizado por:

  • Fracasso consistente para falar em situações sociais específicas apesar de expressar-se verbalmente em outras situações.
  • Interfere com os logros educacionais ou profissionais, ou com a comunicação social.
  • O fracasso para falar não se deve à falta de conhecimento do idioma falado requerido na situação social.
  • Não se considera um transtorno de comunicação (por exemplo, gagueira), e não ocorre exclusivamente durante um transtorno psicótico.
  • As técnicas devem ser consistentes, e devem incluir a dessensibilização da criança provendo metas a curto prazo, reforço positivo, e recompensas para motivar a criança para falar.

    Exercer pressão sobre a criança, inclusive a punição, demonstraram ter conseqüências prejudiciais.

    As respostas simples de poucas sílabas (como sim, não, quero, etc.) devem ser objetivadas no início, com aumentos graduais. Após o tratamento extensivo, alguns puderam falar espontaneamente em algumas condições, se não todas as situações sociais.

    Vários medicamentos, conhecidos por serem efetivos no tratamento dos adultos com ansiedade social foram efetivos para muitas crianças, normalmente junto com terapia comportamental. Diversos artigos (a maioria em inglês), que provêem estratégias de comportamento podem ser encontrados em bibliotecas e diários de diversas universidades que publicaram estudos.

    O mutismo seletivo é limitado às crianças?

    Não.

    Algumas crianças apresentam mutismo seletivo por períodos de tempo curtos quando outras apresentam este problema por muitos anos.

    Baseado em algumas literaturas e em respostas individuais à fundação, o mutismo seletivo pode ser uma desordem persistente, que possa se transformar, com o tempo em uma desordem intratável.

    Alguns adultos relataram que ainda estão esforçando-se para superar os sintomas de mutismo seletivo, quando outros o superarem. Muitos adultos, que agora são capazes de falar socialmente, relatam que ainda têm uma combinação de ataques da ansiedade, depressão e pânico.

    Quando o mutismo seletivo deve ser tratado?

    Há dois fatores principais determinando quando o tratamento é necessário: a idade e a severidade.

    Se o mutismo seletivo persistir por mais que dois meses, ou outro idioma dominante não estiver interferindo, e se não houver nenhuma resposta verbal, o tratamento deveria começar imediatamente.

    Para a criança que exibe sintomas leves, como responder com uma voz em tom baixo, e interage com outros, o tratamento pode não ser necessário a menos que os sintomas continuem durante muitos meses.

    Às vezes é difícil saber se ou quando intervir, uma vez que existem graus variantes da desordem. Muitas crianças melhoram com o passar do tempo sem tratamento, enquanto com outros, a desordem fica intratável.

    Para aqueles que apresentam formas severas de mutismo seletivo, a intervenção imediata é aconselhável porque os sintomas podem aumentar. Em geral, uma criança mais jovem tem uma chance boa de recuperar, se tratada adequadamente, por causa do intervalo mais curto do tempo onde nenhuma verbalização aconteceu na escola ou em outras condições sociais.

Doença de Coats

Doença de Coats

A doença de Coats é também conhecida como Telangiectasia Retiniana, Síndrome de Coats, Retinite Exudativa. Sabe-se que não é uma doença hereditária, porém sua origem ainda não foi completamente elucidada pela ciência.É uma condição em que há desenvolvimento anormal dos vasos que irrigam a retina. Os vasos ficam dilatados, e ocorre extravasamento do soro sangüíneo para a porção posterior do olho. A retina fica então edemaciada, podendo ocorrer o seu descolamento total ou parcial. Pode ter apresentação também como múltiplos aneurismas dos vasos retinianos, que causam degeneração dessa estrutura ocular.A doença de Coats é mais prevalente em meninos e afeta, na grande maioria das vezes, apenas um olho. A doença geralmente começa a se desenvolver aos 5 anos de idade, porém já foi diagnosticada em bebês de até 4 meses. É uma enfermidade progressiva, ou seja, desenvolve-se lentamente. Portanto, a detecção precoce é extremamente importante para que seja possível salvar a visão da criança. Se a doença avançar muito, ocorre perda total da visão. Em estágio final, a enucleação (retirada do olho) é um potencial desfecho.

A doença de Coats pode ser classificada em 5 estágios de acordo com a sua evolução:

  1. Estágio 1: teliangectasia retiniana - apenas os vasos estão afetados. Se detectada nesse estágio, há grande probabilidade do tratamento salvar não só o olho, como grande parte da visão.
  2. Estágio 2: teliangectasia e exudação - os vasos afetados provocam edema da retina. O tratamento para esse estágio da doença também oferece boas chances de recuperação.
  3. Estágio 3: descolamento exudativo da retina. O tratamento dessa fase pode requerer cirurgia.
  4. Estágio 4: descolamento total da retina e glaucoma – o tratamento nesse estágio é a enucleação (retirada do globo ocular) para aliviar fortes dores.
  5. Estágio 5: fase final da doença – nessa fase, o paciente já está completamente cego e não há desconforto, portanto não é necessário tratamento agressivo.
A partir do exposto acima, fica clara a importância da detecção precoce da doença de Coats. Quando diagnosticada em seus estágios iniciais, a probabilidade de salvar a visão da criança são muito boas. O grande desafio na detecção precoce é que crianças não conseguem expressar o que sentem, logo é fundamental que o teste do olhinho seja incorporado na rotina dos profissionais que cuidam da saúde infantil.

Texto escrito por: Fernanda Melo (integrante do PET-Medicina/UFC)