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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Hiperêmese gravídica


Hiperêmese gravídica

Muitas das mulheres que engravidam apresentam náuseas e vômitos nos primeiros meses da gestação.
A taxa pode passar de 55%, dependendo da população estudada.
Em geral, as náuseas e vômitos são transitórios, findam até o início do 4º mês, não se acompanham
de sinais deletérios, são leves, respondem bem a alterações na dieta com ou sem doses pequenas e
ocasionais de anti-eméticos. Neste caso, são fisiológicas.
Considera-se hiperêmese gravídica( HG) quando as náuseas e vômitos são persistentes,
frequentes e às vezes intensos, não cedem facilmente aos tratamentos simples e progridem
até causar distúrbios nutricionais e metabólicos como uma perda de peso acima
de 4% do peso anterior, desidratação e cetonúria.
Delimita-se o tempo do aparecimento das náuseas e vômitos: estes devem iniciar nas primeiras semanas da gravidez.
Outras doenças que causam náuseas e vômitos, como a infecção urinária e a apendicite, precisam ser descartadas.
A HG tem uma incidência variável e que depende sobremaneira
das condições sócio-econômicas do local. Podemos ter 1 caso em cada 500 grávidas.
É muito discutida a causa da HG. Provavelmente, é mais correto entendê-la como o resultado de diversos fatores
agindo em conjunto. Há muitas teorias que tentam explicar sua causa( ou causas), eis algumas:
- resposta anormal à gonadotrofina coriônica humana;
- citotoxinas, produzidas a partir de substâncias das vilosidades coriônicas, penetram na circulação materna;
- uma insuficiência da glândula adrenal levaria à hipersensibilidade à histamina com reações alérgicas como náuseas e vômitos;
- deficiência de vitamina B6;
- reação gastrintestinal de origem psicossomática.

Há outras teorias, mas nenhuma considerada isoladamente explica todos os
detalhes da doença( inclusive as que aqui são citadas).
Estudos mais recentes têm indicado um envolvimento maior do aparelho genético:
filhas de mães que sofreram de HG, têm três vezes mais riscos de desenvolver esta doença.
Aspectos raciais também têm sido implicados: as náuseas e vômitos da gravidez
parecem ser mais frequentes entre mulheres ocidentais que entre asiáticas ou africanas.
Os vômitos contínuos provocam desidratação, depleção de eletrólitos( H+, Na+, Cl-, K+,...),
perda de vitaminas e ingesta calórica negativa. Há: perda de peso; fraqueza;
boca seca, língua saburrosa e hálito cetônico( cheiro de frutas);
diminuição do volume urinário e aumento do ácido úrico na urina;
aumento da frequencia cardíaca e queda da pressão arterial;
corpos cetônicos( ácido acetoacético, ácido betahidroxibutírico) são detectados
na urina: eles são oriundos da oxidação das gorduras, que são mobilizadas como
fonte alternativa de energia já que há ingesta calórica negativa( eles também causam
o hálito cetônico).
Enquanto a mulher não tem vômitos muito severos, frequentes e que não respondem
a doses pequenas e ocasionais de anti-eméticos, ela se alimenta, tem a língua limpa
e úmida, não tem uma significativa perda de peso e não se detecta cetose,
não há grandes motivos de preocupação. Ao contrário, se há algum destes fatores e
a gestante não se alimenta, a internação é mandatória. Observe que a perda de peso
geralmente precede os sinais objetivos de desidratação.
O tratamento da gestante internada requer repouso absoluto em ambiente tranquilo e
dieta zero( nas primeiras 24 a 48 horas ou enquanto persistirem os vômitos).
Hidratação abundante, mas cuidadosa, por via venosa. Glicose, vitaminas, ferro,
ácido fólico são ministrados por via parenteral, assim como uma sedação leve e anti-eméticos.
Frequentemente, a recuperação com ganho de peso se dá em 5 a 10 dias de internação,
quando ocorre a alta hospitalar.
Em geral, o prognóstico é bom para mãe e feto e não há consequências negativas para o bom
evolver da gravidez. Mas, após o episódio de HG, é preciso vigiar a gestante mais de perto
visto que a pré-eclâmpsia pode acontecer. Embora haja relatos de recém-nascido de baixo peso,
prematuridade, baixo quociente de inteligência do bebê, morte fetal ou materna,
eles são próprios de casos muito graves e/ou que não tiveram a devida atenção.

Se não tratada, a doença pode levar a uma anemia extrema e colocar em risco a própria gravidez. Isso porque o organismo, explica o obstetra, tende a preservar a vida da mãe. Portanto, quando "identifica" que o mau estado de saúde é decorrente da gravidez, a tendência (em um quadro extremo) é o abortamento do feto. 

Desequilíbrio hidroeletrolítico

Segundo o especialista, uma vez confirmado o quadro clínico é preciso internar a gestante, para que possa repor o líquido perdido. A condição, além da desidratação, causa o chamado desequilíbrio hidroeletrolítico, caracterizado pela perda de sódio e potássio. Assim, explica o obstetra, os enjoos passam a ocorrer também em decorrência da perda desses nutrientes. 

— É importante que a paciente não fique mais de dois dias sofrendo os sintomas. A primeira coisa a ser feita é repor sódio e potássio, sedar a paciente e fornecer líquido e nutrientes via terapia intravenosa. 

Não se sabe ao certo a causa da hiperemese gravídica. Acredita-se que a condição seja uma resposta do organismo à produção de hormônios típicos da gravidez. Em caso de gêmeos, portanto, as chances são maiores. 

Diferentemente do enjoo matinal comum no início da gravidez, a hiperemese gravídica é mais severa e rara, acometendo poucas gestantes. Segundo Dr. Bento, cerca de 60% das grávidas sofrem enjoos e náuseas. Dessas, 5% podem ter hiperemese gravídica. Depois do terceiro mês, a tendência é condição 'desaparecer' e a gestante não sentir mais enjoo ou vomitar.

[editar]REFERÊNCIAS

Guanabara-Koogan
  • Principles and Practice of Obstetrics & Perinatology,Iffy-Kaminetzky
John Wiley & Sons
  • Williams Obstetrics,Pritchard-McDonald-Gant
  • Risk for Severe Morning Sickness Increased in Women Whose
Mothers Had the Condition,Nancy Fowler Larson
Medscape Medical News, 30/04/2010
BMJ 2010;340:c2050

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