A síndrome de compressão da veia renal esquerda
entre a artéria mesentérica superior e a aorta abdominal
foi inicialmente descrito por El Sadr em 1950 , mas foi
De Schepper quem nomeou este fenómeno Síndrome
de Quebra-nozes (SQN), descrevendo o caso de um
doente com hematúria macroscópica e compressão
mesoaórtica da veia renal esquerda.
O ângulo entre a artéria mesentérica superior
(AMS) e a aorta abdominal é de aproximadamente 90º,
de modo que a AMS tem um curso de 4-6 mm em direc-
ção ventral antes de se dirigir caudalmente. O arranjo
anatómico em invertido previne normalmente a com-
pressão da veia renal esquerda (VRE) pela AMS. Pelo
contrário, quando a emergência da AMS se faz em ângu-
lo agudo pode haver compressão da VRE, originando a
chamada SQN Anterior.
Na Literatura Mundial, também se encontram des-
critos casos de SQN em associação com o curso retro-
aórtico da VRE e consequente compressão da veia entre
a aorta e coluna vertebral (SQN Posterior), e síndro-
mes associados à duplicação da VRE, onde a tributária
anterior é comprimida entre a AMS e a aorta, e a tri-
butária posterior é comprimida entre a aorta e a coluna
vertebral (SQN Combinado).
Para além destas anomalias arteriais e/ou venosas,
alguns investigadores sugeriram a implicação e contri-
buição de outros factores na etiologia da síndrome,
como a ptose posterior do rim esquerdo com estira-
mento secundário da VRE, ou um percurso anormal-
mente alto da VRE.
O aumento da pressão venosa na circulação renal
promove o desenvolvimento de mecanismos compen-
sadores, com o aparecimento de colaterais venosos. Na
pelve renal, a ruptura das finas paredes destes vasos
adjacentes ao sistema colector traduz-se clinicamente
em micro-hematúria ou hematúria macroscópica, com
ou sem dor lombar esquerda. Outros sintomas
frequentes, também decorrentes do estabelecimento
duma circulação colateral através das veias ovárica,
adrenais e lombares, incluem varicocelos à esquerda em
rapazes ou, em mulheres, um complexo de sintomas
denominado síndrome de congestão pélvica e que pode
incluir sintomas como dismenorreia, dispareunia, dor
pós-coital, dor abdominal, disúria e varizes pélvicas, vul-
vares, glúteas ou dos membros inferiores. Em adoles-
centes e crianças, pode verificar-se o aparecimento de
sintomas sistémicos e de disfunção autonómica como
cefaleias, cansaço crónico, síncopes e taquicardias. A
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proteinúria ortostática pode ser uma manifestação
ocasional.
É importante realçar que, apesar de ser uma anoma-
lia primariamente vascular, as suas manifestações clínicas
são sobretudo urológicas e ginecológicas.
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