DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA Em 1959, mostrou-se pela primeira vez que a doença da membrana hialina ou síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido (SDR) era provocada pela deficiência de surfactante (). Seguiram-se várias tentativas de produzir surfactantes que pudessem substituir a deficiente produção endógena, inicialmente sem sucesso.
A partir de 1972, Enhorning e Robertson iniciaram a trabalhar com extratos de surfactante retirados de coelhos adultos e administrados a filhotes prematuros, mostrando melhora significativa da mecânica pulmonar ().
Desde que Fujiwara et al. () publicaram os primeiros resultados promissores da reposição de surfactante na SDR, esta terapia tornou-se prática rotineira em unidades que atendem recém-nascidos prematuros, tendo modificado completamente a história natural desta síndrome. Concomitantemente, grande interesse surgiu quanto a outras potenciais utilidades desta terapêutica em outras síndromes e doenças que envolvem disfunção do sistema surfactante.
A Doença da membrana hialina, cuja denominação atual é SÍNDROME
DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO, é uma desordem respiratória de
recém-nascidos PREMATUROS devida, primordialmente, à
deficiência das substâncias do sistema surfactante pulmonar e
caracterizada por insuficiência respiratória que pode se
iniciar ao nascimento e progredir
A incidência e gravidade dessa condição é maior à medida quanto
menor a idade gestacional e é mais grave no recém-nascido
masculino. RN de mães diabéticas ou aqueles asfixiados são de
maior risco para desenvolver a síndrome do desconforto
respiratório.
Os seguintes dados revelam a importância epidemiológica desse
problema de desenvolvimento associado ao nascimento prematuro.
· Enquanto aproximadamente 10% dos RN são pré-termo, a SDR
é complicação de aproximadamente 1% das gestações
· Ocorre em aproximadamente 50% dos RN entre 26 e 28
semanas e em aproximadamente 20-30% dos RN entre 30 e
31 semanas
· É o problema clínico mais comum de RNPT. Foi
diagnosticada em 41% das 1416 crianças com peso <>
da Rede brasileira de pesquisas neonatais nos anos de
1998-1999.
· É a causa mais frequente de morbi-mortalidade neonatal.
Dados brasileiros de 1995 apontavam a SDR como a causa
de 49% dos óbitos perinatais.
Nos últimos 15 a 30 anos, tem havido a possibilidade de
PREVENÇÃO E MANEJO MAIS EFICIENTES da SDR e da própria
prematuridade devido, principalmente, à
· ACELERAÇÃO FARMACOLÓGICA DA MATURIDADE DO PULMÃO FETAL
maior uso de corticosteróides neonatais
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· MELHORIA NOS MÉTODOS DE ASSITÊNCIA VENTILATÓRIA
· e à TERAPIA DE REPOSIÇÃO DO SURFACTANTE PULMONAR.
· MELHORIA NA NUTRIÇÃO DO RN
Assim é que o uso farmacológico profilático de corticosteróides
no período pré-natal mostrou-se eficiente para a redução de até
50% da incidência da SDR em recém-nascidos prematuros por
induzir a maturação pulmonar quanto à síntese de surfactante
pulmonar, além de propiciar maior sobrevivência e menor
incidência de hemorragia intra-craniana (50%) em RNPT no
ambiente extra-uterino.
Após a introdução de esteróides antenatais, em meados da década
de 1970, houve redução de 30% na mortalidade de RNPT <>
Contribuiu para essa redução o desenvolvimento de técnicas de
ventilação artificial
Com a disponibilização comercial do surfactante exógeno, em
meados da década de 1980 e início da década de 1990 redução
adicional das taxas de mortalidade neonatal entre os prematuros
foi observada.
Entre nós, na UTI neonatal de RP a taxa de mortalidade neonatal
em RNPT<>
no ano de 2000. Apesar de também terem sido incorporadas outras
medidas no manejo dessas crianças, vários estudos controlados
também demonstram o impacto da introdução do uso de surfactante
na mortalidade neonatal.
No entanto, a entidade clássica da síndrome do desconforto
respiratório, como uma doença pulmonar conseqüente da
DEFICIÊNCIA DE SURFACTANTE PULMONAR está atualmente MUDANDO para
uma DOENÇA MUITO MAIS COMPLEXA do PULMÃO EM DESENVOLVIMENTO como
resultado da imaturidade extrema cada vez mais freqüente, o que
tem implicado em maiores desafios não somente com relação à SDR
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mas também visando o entendimento e manejo dos inúmeros fatores
associados a essA E À PREVENÇÃO DE SUAS COMPLICAÇÕES.
Ainda, se por um lado RN muito doentes e muito imaturos estão
sobrevivendo, a incidência de complicações permanece
significante, sendo que freqüentemente é impossível determinar
se as complicações são devidas à
· SDR
· Ao tratamento ou
· À prematuridade associada.
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