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terça-feira, 23 de novembro de 2010

RICKETTSIOSE

O que são rickettsias? Por: Maria Ramos Células humanas infectadas por rickettsias O termo “rickettsiae” se refere ao grupo de micro-organimos da classe Proteobacteria, que compreende espécies do gênero Rickettsia, Orientia, Ehrlichia, Anaplasma, Neorickettsia, Coxiella, e Bartonella. As rickettsias são parasitas de artrópodes como piolhos, pulgas e carrapatos. No homem, causam doenças como tifo, erlichiose, febre maculosa e febre Q. As rickettsias são parasitas intracelulares obrigatórios, o que significa que elas só sobrevivem no interior de outras células. Até um passado não muito distante, elas eram consideradas “grandes vírus” porque, assim como estes agentes infecciosos, somente conseguem se desenvolver em tecidos vivos. A classificação das rickettsias é feita com base na similaridade das respostas imunológicas (produzidas pelo sistema de defesa do organismo) que estes micro-organismos induzem no corpo humano, e não por eles provocarem doenças semelhantes: as manifestações clínicas e o tempo de duração das rickettsioses variam consideravelmente. As rickettsias não costumam ser transmitidas de pessoa para pessoa, exceto por transfusão sanguínea e transplante de órgão, embora espécies do gênero Coxiella também possam ser adquiridas pela placenta, durante a gestação, e por vias sexuais. Com exceção do tifo exantemático, o homem é apenas hospedeiro acidental das rickettsias. A forma de contágio mais comum é pela saliva e fezes de artrópodes infectados e contato direto com sangue, fezes e leite de animais contaminados (veja, em cada doença, quem são os animais reservatórios). As rickettsioses são, em geral, tratadas satisfatoriamente com antibióticos. Para evitar a disseminação das rickettsioses é muito importante que as pessoas evitem, ao máximo, viajar com animais de estimação para locais onde há registros de rickettsioses, ou que são conhecidamente infestados por pulgas e carrapatos, a fim de evitar que estes animais se tornem vetores de doenças nas suas cidades de origem. A primeira rickettsia, a R. prowazekii, que provoca o tifo exantemático, foi descoberta pelo cientista brasileiro Henrique da Rocha Lima. Para saber mais sobre bactérias e rickettsias. Introdução e objetivos De todas as doenças que afligiram o homem, as doenças causadas por espécies de bactérias do gênero Rickettsia se situam entre aquelas doenças que mais causaram sofrimento e morte, inclusive para vários pesquisadores pioneiros no diagnóstico e na pesquisa sobre as mesmas (Galvão, 1996). Historicamente em 1899, Maxcy descreve nos Estados Unidos, as manifestações clínicas da febre das Montanhas Rochosas. No período de 1906 a 1909, Ricketts conseguiu sucesso na transmissão dessa doença para porquinhos da Índia, incriminou o carrapato como vetor, e observou rickettsias em esfregaços preparados a partir de tecidos de carrapatos (Ricketts, 1909). No ano de 1929, em São Paulo, José Toledo Piza iniciou a distinção da febre maculosa das demais doenças exantemáticas no Brasil, inclusive chegando a demonstrar sua semelhança com a entidade nosológica descrita pelos americanos como Rocky Mountain spotted fever (Piza, 1932). Durante a Segunda Grande Guerra, surgiram alguns avanços no controle das rickettsioses, como o uso de inseticidas no combate aos vetores e o advento dos antibióticos na década de 40, com resultados importantes no tratamento das rickettsioses (Galvão, 1996). No que toca à febre maculosa brasileira (FMB), a mesma tem sua ocorrência reconhecida nos Estados de Minas Gerais (Dias & Martins, 1937; Galvão et al., 1999; Magalhães, 1952), Rio de Janeiro (Gonçalves et al., 1981), Bahia (Mancini, 1983), São Paulo (Melles et al., 1992) e Espírito Santo (Sexton et al., 1993). No Estado de Minas Gerais, a FMB tem ocorrido em áreas onde os residentes estão expostos a habitats infestados por carrapatos. As regiões com maior número de casos no Estado são os vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha, localizados na região nordeste de Minas Gerais (Figura 1). Essas áreas consideradas sob pressão econômica, requerem que indivíduos se aventurem em regiões infestadas por carrapatos em busca de sua sobrevivência. Em 64 casos investigados nessas áreas, foi observada uma taxa de letalidade para FMB de 19% entre 1993 e 1995 (Galvão, 1996). Desde que as evidências disponíveis sugerem fortemente, que as rickettsioses podem se constituir numa significante fração não reconhecida dentro dos casos de doença febril a esclarecer nessas populações, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e a Fundação Ezequiel Dias (FUNED) em Minas Gerais, decidiram implantar um programa de vigilância contínua para rickettsioses nessas regiões, incluindo a realização de inquéritos sorológicos em comunidades e em grupos de risco. Referências DIAS, E. & MARTINS, A. V., 1937. Aspectos do typho exanthemático em Minas Gerais. Brasil Médico, 14:431-41. DUMLER, S. J. & WALKER, D. H., 1994. Diagnostic tests for Rocky Mountain spotted fever and other rickettsial diseases. Dermatologic Clinics, 12:25- 36. GALVÃO, M. A. M., 1988. A Febre Maculosa Brasileira em Minas Gerais e seus Determinantes. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. GALVÃO, M. A. M., 1996. 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Recebido em 19 de setembro de 2001 Versão final reapresentada em 1 de março de 2002 Aprovado em 5 de abril de 2002 Fonte: http://www2.ncid.cdc.gov/travel/yb/utils/ybGet.asp?section=dis&obj=rickettsial.htm Foto retirada em: ASM MicrobeLibrary Autor: Jenifer Turco

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