Paralisia de Bell
A paralisia de Bell é uma anomalia do nervo facial caracterizada pela fraqueza súbita ou pela paralisia dos músculos de um lado da face. O nervo facial é o nervo craniano que estimula os músculos faciais. Embora a causa da paralisia de Bell não seja conhecida, ela pode incluir o edema do nervo facial como reação a uma infecção viral, a uma compressão ou a uma falta de fluxo sangüíneo.
SIR CHARLES BELL (1774-1842)Anatomista, cirurgião, fisiologista, pintor e ilustrador médico nascido na Escócia (Reino Unido). Seu irmão mais velho, John Bell (1763-1820), foi um renomado cirurgião, professor e pesquisador.Sir Charles Bell foi um dos primeiros cirurgiões-desenhistas a utilizar esses dois talentos para ensinar medicina.Muitas de suas descobertas devem-se, em parte, à sua experiência no atendimento em Londres dos feridos das batalhas de La Coruña e de Waterloo.Charles Bell descreveu a paralisia facial periférica, que leva seu nome, em 1821 na obra Philosophical Transactions of the Royal Society.En 1802 publicou The Anatomy of the Brain com uma série de lâminas, algumas coloridas. Em 1803 divulgou A Series of Engravings explaining the Course of the Nerves, e, em 1807, A System of Operative Surgery founded on the basis of Anatomy.Também criou vários modelos de cera de peças anatômicas e patológicas.Um de seus quadros mais famosos retrata um soldado que acabara de retornar da Guerra da Criméia, em posição de epistótono causada pelo tétano.Em 1802 e 1803 publicou os volumes 3 e 4 de sua obra Anatomy of the Human Body, escrita em conjunto com o irmão John.Essays on the Anatomy of Expression in Painting (1806), um manual de anatomia para pintores, foi seu primeiro livro publicado sem a colaboração do irmão.Bell passou a dirigir, em 1812, a Escola de Anatomia da Great Windmill Street, fundada por William Hunter (1718-1783). Nessa instituição continuou suas pesquisas sobre a anatomia e a fisiologia dos nervos.Em 1814 aceitou o cargo de cirurgião no Middlesex Hospital, sendo sua colaboração definitiva para a fundação da Faculdade de Medicina do Middlesex Hospital, em Londres, em 1828.Seu livro An Idea of a New Anatomy of the Brain (1811) é considerado "a Magna Carta da Neurologia".Sir Charles Bell descreveu as duas divisões das raízes dos nervos espinhais e concluiu através de experimentos com animais que a lesão das raízes ventrais causava cãibras e a irritação das raízes dorsais não produzia sintomas visíveis.Entretanto, no início dos anos de 1820, Francois Magendie (1783-1855), em Bordeaux (França), a partir das pesquisas de Bell, demonstrou que as raízes ventrais dos nervos espinhais são motoras e as dorsais são sensitivas. Este último fato passou despercebido por Bell. Para se evitar disputas entre os dois grandes pesquisadores, denominou-se "Lei de Bell-Magendie" à regra sobre as funções dos nervos espinhais.Tornou-se professor de cirurgia da Universidade de Edimburgo (Escócia) em 1835.Recebeu do Rei William IV, em 1831, o título de Cavaleiro Honorário do Império Britânico, acrescentando "Sir" ao seu nome.
Sintomas
A paralisia de Bell aparece de forma repentina. O indivíduo pode apresentar dor atrás da orelha algumas horas antes de ocorrer a fraqueza muscular. O grau de fraqueza pode variar de modo imprevisível, de discreto a grave, mas sempre afeta apenas um lado da face. O lado paralisado torna- se sem rugas e inexpressivo, mas, freqüentemente, o indivíduo tem uma sensação de que sua face está torcida. A maioria dos indivíduos apresenta dormência ou uma sensação de peso no rosto, mas a sensibilidade na realidade permanece normal. Quando a parte afetada é a região superior da face, o indivíduo pode apresentar dificuldade para fechar o olho do lado afetado. Raramente, a paralisia de Bell interfere na produção de saliva, no paladar ou na produção de lágrimas.
Diagnóstico
A paralisia de Bell sempre afeta apenas um lado da face. A fraqueza é repentina e pode envolver tanto a parte superior quanto a parte inferior do lado afetado. Embora um acidente vascular cerebral também possa causar uma fraqueza facial súbita, ele afeta somente a parte inferior do rosto. Além disso, um acidente vascular cerebral (derrame) acarreta fraqueza do membro superior e do membro inferior. Outras causas de paralisia do nervo facial são raras e, normalmente, manifestam-se lentamente. Elas incluem os tumores cerebrais ou outros tumores que comprimem o nervo; a destruição do nervo facial por uma infecção viral como o herpes (síndrome de Ramsay Hunt); as infecções do ouvido médio ou dos seios mastóides;[1] a doença de Lyme; as fraturas da base do crânio; e diversos outros distúrbios ainda mais raros. Comumente, o médico descarta esses distúrbios através da história do paciente e da análise dos resultados de estudos radiográficos, de uma tomografia computadorizada (TC) ou de uma ressonância magnética (RM). Para a doença de Lyme, pode ser necessária a realização de um exame de sangue. Não existe um exame ou teste específico para a paralisia de Bell.
Tratamento
Não existe um tratamento específico para a paralisia de Bell. Alguns médicos acreditam que corticosteróides (p.ex., prednisona) devem ser administrados antes do segundo dia após o surgimento dos sintomas e a sua administração deve ser continuada por uma a duas semanas. Não foi demonstrado que esse tratamento é eficaz no controle da dor ou que ele melhora as possibilidades de recuperação. Se a paralisia dos músculos faciais impedir o fechamento completo do olho, deve-se evitar o seu ressecamento. É recomendada a utilização de colírios lubrificantes, utilizados em intervalos de poucas horas e pode ser necessário o uso de um tampão ocular. Nos indivíduos com paralisia grave, a massagem dos músculos enfraquecidos e a estimulação dos nervos podem ajudar a evitar a contratura dos músculos faciais. Se a paralisia persistir por seis a doze meses ou mais, o cirurgião pode tentar o enxerto de um nervo são (habitualmente retirado da língua) no músculo facial paralisado.
Prognóstico
No caso de uma paralisia parcial, a recuperação completa pode ocorrer em um a dois meses. Se a paralisia for total, o prognóstico é variável, apesar da maioria dos indivíduos recuperaremse completamente. Para determinar a probabilidade de recuperação completa, o médico pode examinar o nervo facial através da estimulação elétrica. Ocasionalmente, à medida que o nervo facial se recupera, ele forma conexões anormais, acarretando o surgimento de movimentos inesperados de alguns músculos faciais ou o lacrimejamento espontâneo dos olhos.
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