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terça-feira, 11 de agosto de 2009
ESQUIZENCEFALIA
A esquizencefalia caracteriza-se por fendas, que
se estendem da superfície pial até a ependimária com
as bordas revestidas por substância cinzenta. Classificam-
se em dois tipos: o tipo I que se caracteriza
pela presença de lábios fechados, ou seja, com as
duas corticais justapostas; e o tipo II que apresenta
lábios abertos, estando a fenda preenchida por líquido
cefalorraquidiano. As fendas podem ser uni
ou bilaterais, afetam com maior frequência as regiões
peri-silvianas e estão, muitas vezes, associadas
a outras malformações, especialmente defeitos
de migração1-5.
As manifestações clínicas são variadas, mas as
mais encontradas são o déficit motor, a epilepsia, e
o retardo mental3,5,6. Alguns pacientes não apresentam
alterações neurológicas, sendo a malformação
apenas um achado de exame7 . Os modernos métodos
de imagem facilitaram em muito a identificação
destas lesões, que antigamente eram consideradas
raras.
O objetivo do presente estudo é correlacionar os
achados de tomografia computadorizada (TC) com
as manifestações clínicas dos pacientes do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HCUFPR),
que apresentavam esquizencefalia e comparálos
com a literatura.
DISCUSSÃO
A esquizencefalia é malformação cerebral que foi
descrita pela primeira vez em 1859 por Haeschl8. O
termo esquizencefalia, porém, foi introduzido somente
em 1946 por Yakovlev e Wadsworth, referindo-
se a “uma fenda com persistência de espessa e
rica camada de substância cinzenta na profundidade,
de extensão do córtex até o ventrículo e com
orientação simétrica bilateralmente”1,2,3,9. Ela é considerada
uma anomalia da migração neuronal sendo
que, neste grupo, incluem-se também a agiria, a
polimicrogiria, a paquigiria e a heterotopia da substância
cinzenta3,5,10 A etiologia mais aceita é a de uma
falha segmentar na formação de porção da matriz
germinativa ou na migração de neuroblastos primitivos,
formando fendas cerebrais, que podem ser uni
ou bilaterais1,6,11. A alta incidência de lesões bilaterais
na região peri-silviana, tem sido usada para reforçar
a idéia de que a hipotensão fetal e dano
cortical isquêmico, reside nessa região por ser o
maior território vascular do cérebro12. Todavia, insultos
infecciosos e danos diretos de origem tóxica,
não podem ser descartados dentre os fatores etiológicos13.
Nos nossos casos, encontramos 3 pacientes
com calcificações puntiformes, o que sugere a
possibilidade de infecção intra-uterina como causa
da mal formação. Baseado na idéia de que a esquizencefalia
tem fisiopatologia semelhante às displasias
corticais, é proposto que o insulto cerebral ocorra
entre o 2.° e o 5.° mês de gestação13.
As fendas podem ser simétricas ou não e o córtex
que a circunda é sempre anormal. As alterações podem
variar de polimicrogiria14, que se estende por
distância variável da fenda, até circunvoluções aberrantes,
que convergem para ela. Outras alterações
que podem estar associadas são as heterotopias
nodulares subependimais, o septo pelúcido incompleto
ou ausente e a hipoplasia ou atrofia do tálamo.
Os gânglios da base, o cerebelo e o tronco cerebral
estão usualmente normais15.
A sintomatologia dos pacientes que apresentam
esquizencefalia é bastante variada, sendo que a gravidade
de alguns sintomas está relacionada à extensão
do defeito anatômico e à sua localização no
encéfalo6,14-18,. Os achados mais frequentes, segundo
a literatura, são a epilepsia, o déficit motor e o
retardo mental3,9,10 . Este fato foi confirmado neste estudo,
todos os pacientes (exceto o Caso 6) apresentavam
algum tipo de déficit motor (hemiparesia, tetraparesia
ou hipertonia), 10 pacientes (90,9%) apresentavam
atraso no DNPM e 6 (54,5%) epilepsia.
Tipicamente as fendas são encontradas na região
peri-silviana1,2,9. Há casos de fissuras parassagitais,
occipitais e na face orbitária dos lobos frontais6,9,10.
Fendas bilaterais são mais comuns6. Neste estudo,
havia 4 casos com fendas unilaterais (36 %) e 7 com
fendas bilaterais (64 %).
As esquizencefalias bilaterais associam-se a atrasos
mentais severos e importantes déficits motores9.
O principal diagnóstico diferencial da esquizencefalia
é a porencefalia. Nesta, ocorre uma lesão destrutiva
do parênquima encefálico no período intrauterino,
porém após o término da migração, resultando
numa cavidade, que também comunica o sistema
ventricular com o espaço sub-aracnóide, porém
não se identifica substância cinzenta disgenética
nas suas bordas15. A diferenciação da esquizencefalia
com a porencefalia tem importância no aconselhamento
genético
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