PARCERIAS

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Actinomicose


É uma doença transmissível causada por bacilos gram-positivos, sendo o Actinomyces israelii o mais frequente. Para a doença ocorrer, estes microorganismos patogénicos oportunistas necessitam que exista umtraumatismo penetrante ou contundente. Os três principais tipos de doença são as apresentações cervico-facial,torácica e abdominal.

Epidemiologia

Actinomyces tem uma distribuição mundial. A doença é pouco frequente e esporádica. A infecção é rara emlactentes e crianças, sendo mais frequente entre os 15 e 35 anos, e no sexo masculino (proporção de 2:1 quando comparado com o sexo feminino).
Os micro-organismos são componentes da flora endógena do tracto intestinal, sendo o seu reservatório natural o Homem. Estes organismos crescem na cavidade oral normal como saprófitas na placa bacteriana e nas criptas tonsilares, sem aparente invasão ou resposta celular nos tecidos adjacentes. Estima-se que 30 a 50% da população mundial seja portador deste agente na cavidade oral. O A. israelii foi ainda encontrado nas secreções vaginais em 10% das mulheres que utilizam dispositivos intra-uterinos(Mulheres que usam o DIU).
Presume-se que o agente seja transmitido pessoa a pessoa, como um dos constituintes da flora oral normal.
Os Actinomyces são organismos patogénicos oportunistas, resultado a doença de um traumatismo penetrante - incluindo, mordeduras humanas - ou contundente.
período de incubação é muito variável. Provavelmente, é de vários anos após a colonização oral e de dias ou meses após um traumatismo com a sua penetração nos tecidos.
susceptibilidade natural é baixa e não está demonstrada imunidade após a infecção.


Clínica

As apresentações mais frequentes da doença são a cervico-facial, torácica e abdominal. Entre estas, a mais comum é a lesão cervico-facial, estando associadas à dentáriacirurgia oral, traumatismo facial ou dentes cariados. O quadro clínico inclui dor e tumefacção nodular, de consistência dura, a qual pode ser complicada por fístulas com drenagem. A propagação da doença faz-se por invasão directa dos tecidos contíguos. Esta infecção pode contribuir para uma amigdaliteobstructiva crónica.
A doença torácica é geralmente secundária à aspiração de secreções oro-faríngeas, sendo raro ter como causas a ruptura esofágica por traumatismo não penetrante ou durante uma cirurgia. O quadro clínico é o de uma pneumonia, sendo as complicações possíveis abcessosempiema e, mais raramente, fístulaspleuro-dérmicas.
A doença abdominal afecta prinicpalmente o apêndice e o ceco, sendo o quadro clínico semelhante ao de uma apendicite. As massas que se desenvolvam lentamente podem simular neoplasias abdominais ou retroperitoneais.. Com a evolução da infecção, podem ocorrer abcessos intra-abdominais e ístulas peritoneo-dérmicas com drenagem. A donça crónica localizada origina frequentemente trajectos sinusais que drenam pus.


Exames complementares de diagnóstico

A demonstração microscópica, no pus ou tecidos, de bacilos gram-positivos ramificados ou não, em contas, não formadores de esporos, sugere o diagnóstico. A coloração álcool-ácido resistente revela-se negativa nas espécies de Actinomyces, permitindo fazer o diagnóstco diferencial com as espécies de Nocardia. A presença de partículas de enxofre na drenagem ou colecções de pus é também indicativo de diagnóstico, podendo ser visível ao microscópico ou macroscopicamente (granulações amareladas). Uma coloração de Gram das granulações de enxofre revela um retículo denso de filamentos, podendo as extremidades dos filamentos individuais projectarem-se ao redor da periferia da granulação, com ou sem clavas hialinas dispostas radialmente.
Existem também técnicas de imunofluorescência para as espécies de Actinomyces.
Para o isolamento do micro-organismo, as amostras devem ser recolhidas, transportadas e cultivadas anaerobicamente em meios semi-selectivos.


Tratamento

O tratamento realiza-se com penicilina G intravenosa ou ampicilina em altas dosagens durante 4 a 6 semanas, seguida de altas doses de penicilina oral,amoxicilinaeritromicinaclindamicinaminociclina ou tetraciclina por um período de 6 a 12 meses. A minociclina e a tetraciclina não são recomendadas para crianças menores de 8 anos. Pode ser necessário realizar drenagem cirúrgica.

Medidas de controle

Podem prevenir a infecção:
  • boa higiene oral,
  • cuidados dentários regulares adequados (incluindo remoção periódica da placa bacteriana),
  • limpeza apropriada de feridas (incluindo mordeduras humanas).

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