A monossomia distal 10p é uma doença cromossómica rara em que a ponta do braço curto (braço p) do cromossoma 10 é eliminada resultando num fenótipo variável dependendo do tamanho da deleção. A deleção pode envolver apenas a banda terminal 10p15, ou extender-se em direcção até ao centrómero até às bandas 10p14 ou 10p13.
Foram descritos até ao momento cerca de 50 casos de monossomia distal 10p pura.
A monossomia distal 10p englobando a banda 10p13 está associada a malformações cardíacas e a anomalias imunitárias idênticas às anomalias descritas no síndrome de delecção 22q11 (síndrome DiGeorge/ síndrome do espectro velocardiofacial (DGS/VCFS); ver este termo) com hipoparatiroidismo, hipocalcemia, cardiopatias conotruncais congénitas, hipoplasia do timo levando a deficiência das células T e défice intelectual. Foram descritos mais de 25 doentes com a deleção del(10)(p13). Adicionalmente às anomalias relacionadas com o síndrome de DiGeorge (e.g. malformação conotruncal com hipoplasia tímica), estes doentes mostram frequentemente um crânio de forma anormal, microcefalia, face alongada, fronte alta, ponte nasal larga, fendas palpebrais inclinadas para baixo, narinas antevertidas, anomalias da mão e do pé, anomalias genitourinárias, surdez e atraso psicomotor grave, resultando num quadro clínico que difere claramente do clássico síndrome de delecção 22q11. Contudo, devido a semelhanças nas malformações observadas nos dois síndromes, del(10)(p13) é referido como DGS2.
A região crítica para DGS2 foi mapeada dentro do intervalo 1cM em 10p13 que contém o gene CUGBP2, um gene candidato para defeitos do desenvolvimento embrionário do coração. Delecções mais pequenas envolvendo a região 10p14-pter foram descritas em menos de 10 doentes. Alguns destes doentes exibiam a tríade: Hipoparatiroidismo, Surdez neurossensorial, e anomalia Renal (síndrome de HDR; ver este termo). A haploinsuficiência para o factor de transcrição GATA-3 especifico de células T trans-acting (codificado pelo gene GATA3, e mapeado na região 10p14-pter) é responsável por este fenótipo. As delecções subteloméricas puras envolvendo a região 10p15-ter são muito raras (até ao momento foram descritas em 6 crianças). O fenótipo permanece por esclarecer: foi descrito baixo peso à nascença, atraso de crescimento persistente, atraso psicomotor ligeiro e hipotonia, juntamente com descrições individuais de defeito do septo ventricular, hidrocefalia e hipogenitalismo. A monossomia distal 10p ocorre normalmente de novoou pode estar associada com uma translocação num dos progenitores.
O diagnóstico requer análise citogenética e caracterização molecular e deve incluir a pesquisa de uma translocação porque a delecção pode ser resultado de transmissão de um cromossoma derivativo.
O diagnóstico diferencial para os doentes com monossomia distal 10p deve incluir o síndrome da delecção 22q11 e outras causas de hipoparatiroidismo, dependendo do fenótipo.
O diagnóstico pré-natal é possível.
Deve ser proposto aconselhamento genético que depende do rearranjo citogenético responsável pela delecção (de novo ou translocação).
A orientação clínica da monossomia 10p inclui uma avaliação extensa das principais características clínicas: atraso no desenvolvimento, dificuldades na alimentação, hipocalcemia, surdez, defeitos cardíacos e infecções recorrentes. Os pediatras, neurologistas, nefrologistas e endocrinologistas devem estar envolvidos conforme for apropriado. São necessárias avaliações do desenvolvimento por terapeutas da fala, ocupacionais e por fisioterapeutas.
O prognóstico é variável, dependendo das malformações associadas.
Editor(es)
Dr Martine DOCO-FENZY
Atualizado em: Janeiro 2009
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