Pouco conhecido e raro entre a população, o tumor neuroendócrino é uma proliferação anormal de células neuroendócrinas - linhagem de células com funções distintas dependendo do órgão em que se encontram.
Não se conhece a causa exata deste tumor. Pode se localizar nos pulmões, ao longo do tubo digestivo, incluindo apêndice, estômago, intestino delgado e grosso, reto e pâncreas.
Os sintomas podem demorar anos para aparecer e, devido à liberação de substâncias biologicamente ativas por alguns desses tumores, os pacientes podem manifestar vários sintomas sendo os mais frequentes: rubor facial, diarreia e pressão alta.
Esses tumores têm evolução lenta e indolor. Por isso, o diagnóstico pode demorar a ser concluído. “Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito quando o paciente já está em fase avançada da doença”, diz o dr. Aron J. Belfer, especialista em Medicina Nuclear do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Dependendo do grau de evolução da doença, uma boa opção de tratamento é o "177Lutécio-Octreatato”
Existem diversos tratamentos para esse tipo de tumor, como a quimioterapia, o Interferon, a embolização de lesões hepáticas (técnica que consiste em obstruir a chegada de sangue para o tumor). Mas todos esses recursos podem ter eficiência limitada no combate ao tumor neuroendócrino. “Dependendo do grau de evolução da doença, uma boa opção de tratamento é o 177Lutécio-Octreatato”, afirma o dr. Aron J. Belfer. Mas o médico avisa: “essa alternativa deve ser discutida com o oncologista do paciente”.
O tratamento tornou-se possível no Einstein graças ao espírito inovador de seu corpo clínico, ao comprometimento dos serviços de apoio e ao compromisso do hospital com o paciente.
A terapia com o 177Lutécio-Octreatato baseia-se na administração de uma substância radioativa ligada a um peptídeo - um conjunto de aminoácidos - que tem a propriedade de se concentrar na camada externa do tumor e, assim, destruir a célula tumoral.
Esse tratamento foi desenvolvido no Hospital Dijkzigt, da Universidade Erasmus, em Roterdam, na Holanda. As pesquisas foram iniciadas em 2000 e concluídas em 2006. Pensando sempre em seu paciente, o HIAE foi o pioneiro na introdução desse tratamento na América Latina, em outubro de 2006.
“O tratamento tornou-se possível no Einstein graças ao espírito inovador de seu corpo clínico, ao comprometimento dos serviços de apoio (Enfermagem, Físicos e Medicina Nuclear) e ao compromisso do hospital com o paciente. Tratar de uma doença rara e pouco frequente como essa, implica numa dedicação muito maior”, enfatiza dr. Aron.
Para que esse tratamento pudesse ser realizado no HIAE houve, durante seis meses, intenso treinamento das pessoas envolvidas. “Existe uma integração entre os profissionais que participam do tratamento. Essa integração, aliada à capacitação técnica de todos e ao alto grau de motivação dos envolvidos, proporciona tranquilidade ao paciente e a seus familiares. Desde o início até o hoje foram administradas mais de 100 doses sem nenhuma intercorrência”, informa Dra.Lisiane Nectoux Hilário, da equipe médica.
Os resultados da terapia realizada com o 177Lutécio-Octreatato são muito positivos. Os números em alguns centros internacionais apontam para aproximadamente 45% de regressão do tumor dos pacientes tratados. Em 35% dos casos em que a doença estava progredindo houve estabilização. Os dados preliminares obtidos pela equipe do HIAE e apresentados em junho de 2008 no 19º Congresso Internacional do IRIST, em Krakovia, (Polônia) são semelhantes.
Passo a passo da aplicação
O tratamento é feito em três ou quatro ciclos, em intervalos de 8 a 10 semanas, dependendo da resposta do paciente ao procedimento. Nesses intervalos são realizados exames laboratoriais de controle dos possíveis efeitos do medicamento e para programação do próximo ciclo.
O tratamento, em geral, inicia-se nas primeiras horas da tarde do dia de internação. Antes de aplicar a dose de 177Lutécio-Octreatato é ministrada, pela veia do paciente, uma medicação para prevenir náuseas e uma solução de aminoácidos - que tem o objetivo de proteger os rins. Em seguida, o 177Lutécio-Octreatato é aplicado da mesma forma. Esse processo tem duração de aproximadamente 4 horas. Em cada ciclo, o paciente fica internado no hospital por 24 horas.
Publicada em julho/2008
Atualizada em novembro/2009
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