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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hipofunção hipofisária

Hipofunção hipofisária


A hipofunção hipofisária (uma hipófise menos eficaz) define-se como uma perda parcial ou completa das funções do lobo anterior.
Dado que a hipofunção hipofisária afecta o funcionamento das glândulas endócrinas estimuladas pelas hormonas da hipófise anterior, os sintomas variam consoante as hormonas deficientes. Embora em casos excepcionais os sintomas comecem de forma repentina e de modo dramático, em geral iniciam-se gradualmente e passam despercebidos durante muito tempo.
A deficiência inclui uma, várias ou todas as hormonas produzidas pela hipófise anterior. As concentrações de gonadotropinas (hormona luteinizante e hormona foliculoestimulante) inferiores às normais nas mulheres na pré-menopausa causam a interrupção dos períodos menstruais (amenorreia), infertilidade, secura vaginal e perda de algumas características sexuais femininas. Nos homens, as deficiências de gonadotropinas provocam impotência, diminuição de tamanho (atrofia) dos testículos, diminuição da produção de esperma, com a consequente infertilidade e a perda de algumas características sexuais masculinas, como o crescimento do pêlo facial e corporal. As deficiências de gonadotropinas também se apresentam nos doentes com a síndroma de Kallmann, em que se observam também lábio leporino, ou fissura do palato, daltonismo e incapacidade de discernir odores.
As causas da hipofunção da hipófise
Causas primárias que afectam a hipófise (hipopituitarismo primário)
  • Tumores hipofisários
  • Fornecimento inadequado de sangue à hipófise (por hemorragias graves, coágulos sanguíneos, anemia ou outras causas)
  • Infecções e doenças inflamatórias
  • Sarcoidose ou amiloidose (doenças raras)
  • Irradiação
  • Extirpação cirúrgica
  • Doença imunitária
Causas primárias que afectam o hipotálamo e depois afectam a hipófise (hipopituitarismo secundário)
  • Tumores hipotalâmicos
  • Doenças inflamatórias
  • Traumatismos da cabeça
  • Lesão cirúrgica da hipófise, vasos sanguíneos ou nervos que conduzem a ela
A deficiência de hormona do crescimento geralmente produz poucos ou nenhum sintoma nos adultos. Nas crianças, reduz a velocidade do crescimento e algumas vezes causa nanismo. (Ver secção 23, capítulo 268) A deficiência da hormona estimulante da tiróide produz hipotiroidismo ou uma diminuição da actividade da glândula tiróide, o que se manifesta em sintomas como confusão, intolerância ao frio, aumento de peso, prisão de ventre e secura da pele. (Versecção 13, capítulo 145) A deficiência isolada de adrenocorticotropina é pouco frequente, e provoca uma menor actividade das glândulas supra-renais. O resultado é esgotamento, pressão arterial baixa, concentração de açúcar no sangue diminuída e escassa tolerância ao stress (por exemplo, a um traumatismo grave, cirurgia ou infecção). (Ver secção 13, capítulo 146)
Uma deficiência isolada de prolactina é uma situação rara, mas explica por que razão algumas mulheres não são capazes de produzir leite depois de um parto. A síndroma de Sheehan, também pouco frequente, é o resultado de uma perda excessiva de sangue e do choque durante o parto, que pode destruir parcialmente a hipófise. Caracteriza-se pelo esgotamento, perda do pêlo púbico e das axilas e incapacidade para produzir leite.
Diagnóstico
Dado que a hipófise estimula outras glândulas, uma deficiência das hormonas hipofisárias reduz a quantidade de hormonas produzidas por estas outras glândulas. Por este motivo, deve-se considerar a possibilidade de uma alteração fisiológica hipofisária quando se investiga uma deficiência noutra glândula, como a tiróide ou as glândulas supra-renais. Quando os sintomas sugerem um funcionamento incorrecto de várias glândulas, o médico suspeita que se trata de um caso de hipofunção hipofisária ou de uma síndroma de deficiência poliglandular. (Ver secção 13, capítulo 150)
A hipófise examina-se por meio de uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou com as imagens geradas por ressonância magnética (RM), que servirão para identificar anomalias estruturais; as análises de sangue são utilizadas para medir as concentrações hormonais no sangue. Os registos de alta resolução da TAC ou da RM revelam determinadas zonas (localizadas) de crescimento de tecido anómalo, assim como a dilatação ou a diminuição da hipófise. Os vasos sanguíneos que alimentam a hipófise examinam-se por meio de uma angiografia. (Ver secção 6, capítulo 60) No futuro, a tomografia por emissão de positrões fornecerá uma informação ainda mais completa sobre o funcionamento da hipófise.
A produção da hormona do crescimento é difícil de avaliar. Os exames não fornecem medições fiáveis porque o organismo segrega a hormona do crescimento de forma intermitente durante o dia e, sobretudo, durante o sono. Portanto, o valor sanguíneo num dado momento não indica se a produção é normal ou não. Muitas vezes é útil medir no sangue os valores do factor de crescimento I semelhante à insulina (IGF-I), porque mudam lentamente em proporção com a quantidade total de hormona de crescimento que a hipófise segrega. De qualquer modo, a deficiência parcial da hormona de crescimento é particularmente difícil de avaliar. Além disso, os valores desta hormona são baixos quando diminuem as funções da tiróide ou das glândulas supra-renais.
Dado que os valores da hormona luteinizante e da foliculoestimulante flutuam com o ciclo menstrual, a sua medição nas mulheres é difícil de interpretar.
Contudo, nas mulheres que estão no período posterior à menopausa e que não seguem um tratamento com estrogénios, os valores da concentração destas hormonas são normalmente altos. Nos homens, esses valores não acusam demasiadas flutuações.
Algumas perturbações podem inibir temporariamente a hipófise e, portanto, parecerem-se com uma hipofunção hipofisária. A inanição prolongada, por exemplo, como acontece na anorexia nervosa, é uma das causas do funcionamento deficiente da hipófise. Os doentes que mostram sintomas de cirrose hepática depois de terem abusado do álcool durante anos desenvolvem sintomas semelhantes aos da hipofunção hipofisária, como aumento do tamanho das mamas, atrofia dos testículos, alterações da pele e aumento de peso. Um tumor hipofisário que segrega prolactina é uma causa frequente de redução da secreção das hormonas luteinizantes e foliculoestimulantes. À medida que o tumor cresce, pode destruir a hipófise pela pressão que exerce e, por conseguinte, diminuir a produção da hormona do crescimento, da hormona estimulante da tiróide e da adrenocorticotropina.
Tratamento
O objectivo do tratamento é a substituição das hormonas alvo deficientes (que dependem da hipófise), mais do que a substituição da hormona hipofisária deficiente. Por exemplo, aos doentes com deficiência da hormona estimulante da tiróide é-lhes proporcionada hormona tiróidea, aos afectados de deficiência de adrenocorticotropina são-lhes administradas hormonas adrenocorticais e aos que sofrem de deficiência das hormonas luteinizante e foliculoestimulante são-lhes fornecido estrogénios, progesterona ou testosterona. A hormona do crescimento pode ser administrada às crianças, mas os adultos, em geral, não precisam de suprir a sua carência.
Qualquer tumor hipofisário que seja responsável pela hipofunção hipofisária deve receber um tratamento adequado. Se o tumor é pequeno e não segrega prolactina, a extirpação cirúrgica através do nariz é o tratamento de eleição na maior parte dos casos. Os tumores que produzem prolactina são tratados administrando bromocriptina. Para os destruir também se utiliza a irradiação da hipófise com supervoltagem ou com feixes de protões. Alguns tumores grandes e os que se estendem para além da sela-turca são impossíveis de eliminar apenas com cirurgia; por isso, os médicos usam irradiação com supervoltagem depois da cirurgia para eliminar as restantes células do tumor. A irradiação da hipófise costuma reduzir lentamente o seu funcionamento, quer seja de forma parcial, quer completa. Portanto, em geral, será efectuada uma avaliação das glândulas controladas pela hipófise todos os 3 a 6 meses durante o primeiro ano e depois anualmente.
Tumor na hipófise anterior

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