A tularemia (febre do coelho, febre do moscardo) é uma infecção bacteriana causada pelo microrganismo chamado Francisella tularensis.
As pessoas infectam-se com Francisella tularensis ao comer ou tocar animais infectados. A bactéria pode penetrar na pele íntegra. A doença transmite-se também quando as bactérias dos tecidos animais são transportadas pelo ar e são inaladas, ou então através de ácaros infectados e parasitas semelhantes que sugam o sangue.
Os caçadores, carniceiros, agricultores, peleiros e técnicos de laboratório são aqueles que mais se infectam. Durante o Inverno, a maioria dos casos verifica-se devido ao contacto com coelhos bravos (especialmente quando se lhes arranca a pele). Durante o verão, a infecção surge geralmente em virtude do manuseamento de animais infectados ou então pela picada de ácaros ou outros parasitas afectados. Raras vezes a tularemia pode ser devida à ingestão de carne mal cozinhada ou mesmo ao consumo de água contaminada. Até ao momento não há relato de nenhum caso de transmissão de pessoa a pessoa.
Sintomas
Os sintomas começam subitamente entre 1 e 10 dias (em geral entre o 2.º e o 4.º dia) após o contacto com a bactéria. Os sintomas iniciais incluem dores de cabeça, arrepios, náuseas, vómitos, febre até 40ºC e uma grande falta de forças. O doente sente uma debilidade extrema, arrepios recorrentes e sudação profusa. Em 24 a 48 horas, surge uma pápula inflamada no local da infecção (em geral o dedo, o braço, o olho ou o palato), excepto nos tipos ganglionar e tifóide da tularemia. A pápula enche-se rapidamente de pus e rebenta para formar uma úlcera. Nos braços e nas pernas costuma surgir apenas uma única úlcera, mas na boca e nos olhos aparecem muitas. Em regra, só um olho é afectado. Os gânglios linfáticos que rodeiam a úlcera aumentam de volume e podem formar pus, que posteriormente sai quando os gânglios rebentam.
As pessoas com pneumonia tularémica podem chegar a sofrer delírio. Contudo, a pneumonia pode causar apenas sintomas ligeiros, tais como tosse seca que causa uma sensação de queimadura a meio do peito. Em qualquer momento durante o curso da doença pode aparecer uma erupção cutânea.
Diagnóstico
O médico suspeita da presença de tularemia quando um indivíduo desenvolve certos sintomas súbitos e as úlceras características dessa infecção após ter estado exposto a ácaros ou ter tido contacto (ainda que ligeiro) com um mamífero selvagem, especialmente um coelho. As infecções que as pessoas que trabalham em laboratórios contraem afectam apenas os gânglios linfáticos ou os pulmões e são difíceis de diagnosticar. O diagnóstico pode ser confirmado observando o crescimento das bactérias nas amostras obtidas a partir das úlceras, dos gânglios linfáticos, do sangue ou da expectoração.
Tratamento
A tularemia é tratada com antibióticos, que se injectam ou administram por via oral durante 5 a 7 dias. Sobre as úlceras colocam-se pachos húmidos, que devem ser mudados com frequência. Os referidos pachos ajudam a evitar que a infecção se propague e que os gânglios linfáticos se inflamem. Em casos pouco frequentes, os abcessos de grande volume devem ser drenados. Aplicar compressas mornas sobre o olho afectado e usar óculos escuros alivia em certo grau o mal-estar. As pessoas que sofrem dores de cabeça intensas costumam ser tratadas com analgésicos, como a codeína.
Aquelas que recebem tratamento quase sempre sobrevivem. Cerca de 6 % das pessoas não tratadas morrem. A morte é habitualmente o resultado de uma infecção grave, pneumonia, infecção do revestimento cerebral (meningite) (Ver secção 6, capítulo 78) ou infecção do revestimento da cavidade abdominal (peritonite). (Ver secção 9, capítulo 112) As recaídas não são frequentes, mas podem verificar-se se o tratamento for inadequado. Uma pessoa que sofre de tularemia cria imunidade face à reinfecção.
Tipos de tularemia
Existem quatro tipos de tularemia. No mais comum (tipo ulceroganglionar), surgem úlceras nas mãos e incham os dedos e os gânglios linfáticos que estão do mesmo lado da infecção. O segundo tipo (oculoganglionar) infecta o olho, causando-lhe vermelhidão e edema, além de tumefacção dos gânglios linfáticos; esta variedade verifica-se provavelmente quando se toca no olho com um dedo infectado. No terceiro tipo (ganglionar), os gânglios linfáticos incham, mas não se formam úlceras, o que sugere que a origem sejam as bactérias ingeridas. O quarto tipo (tifóide) produz febre muito alta, dor abdominal e esgotamento. Se a tularemia chega ao pulmão, pode verificar-se uma pneumonia.
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